quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Artigo "Diário do Sul" 29 de Julho de 2009

O “Pasteleira Clube do Alentejo” a Caminho de Santiago



Há já algum tempo que os membros do Pasteleira Clube do Alentejo manifestavam vontade de se porem a caminho de Santiago de Compostela numa bicicleta clássica, e, após algum tempo a amadurecer a ideia e a prepararem-se tecnicamente para uma total independência no trajecto, dois dos membros fundadores do clube rumaram, na primeira semana de Agosto, a caminho da “Plaza do Obradoiro” na capital política da Galiza.

O caminho eleito foi o caminho francês, com partida em Ponferrada, ainda na província de Castela e Leão, e, apesar de estar planeado para ser feito em seis dias, o mesmo foi terminado antes do tempo pois a “Sangal”, a par de alguns problemas técnicos que fizeram com que o seu condutor a levasse ao lado cerca de vinte quilómetros, rolava e desfrutava pelos caminhos até à tumba do apóstolo.

A primeira paragem, em Villafranca del Bierzo, devido a um forte temporal que alterou os planos de pernoita, deteve-os, felizmente, no albergue Ave Fénix, onde a “Sangal” foi arranjada e se pôde partilhar fraternalmente a última refeição do dia com mais uns quantos peregrinos de sítios tão distantes como Polónia, EUA, Canadá, Catalunha ou Argentina…

A subida ao Cebreiro, o local mais elevado do percurso (mais de 1200m) que separa a comunidade autónoma de Castela e Leão da Galiza, marcou um dia espectacular de riqueza natural e humana que culminou num descanso no mosteiro dominicano de Samos, em que a rigidez dos músculos descontraiu na paz do canto gregoriano dos monges que ainda habitam aquele local há séculos.

Com apenas mais uma paragem em Melide, à força, numa casa de bicicletas para se poder arranjar o carreto da Sangal (datada dos anos 70, de fabrico português e restaurada a propósito para esta pseudo-aventura), voltou-se a cruzar a paisagem galega e os seculares caminhos percorridos por milhares de peregrinos até chegar, “devagar” (como é lema do PCA) e com a sensação de haver cumprido um repto, à cidade de Santiago de Compostela.

O saldo foi efectivamente positivo para os dois intervenientes neste projecto (culminando o caminho com o seu casamento religioso na “Igrexa de San Bieito”) e uma mais-valia na divulgação do clube, provando que é possível aventurarmo-nos com bicicletas clássicas para percursos mais agrestes e técnicos, claro está com uma abordagem diferente, com calma e devagar, com pouca roupa no “macuto” impermeável, mas com um par de ferramentas, câmaras-de-ar, braçadeiras e fita-isoladora… não vá “o diabo tecê-las”!